Catalisadores para a transformação

Como sobreviver à vida

No mundo acelerado e imprevisível de hoje, não é incomum encontrar vários desafios que testam a nossa resiliência mental e emocional. Quer se trate de contratempos pessoais, obstáculos profissionais ou pressões da vida cotidiana, navegar por esses obstáculos muitas vezes pode parecer opressor.
A dor e o sofrimento são aspetos inevitáveis da experiência humana. Quer seja físico ou emocional, todos nós nos deparamos com momentos de dificuldade que podem abalar os nossos alicerces até ao âmago. Nesses momentos, damos frequentemente por nós à procura de respostas – de encontrar um sentido no meio do caos.

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Ultrapassar o sofrimento

Há muito que a filosofia serve de quadro intelectual através do qual as pessoas se debatem com questões fundamentais sobre a existência. Quando confrontados com a dor ou o sofrimento, a investigação filosófica oferece ideias que encorajam uma introspeção mais profunda.

O sofrimento é uma parte intrínseca da condição humana; no entanto, compreender a sua natureza permite-nos abordá-lo com maior sabedoria. As tradições filosóficas do estoicismo, debruçam-se extensivamente sobre esta questão.

O estoicismo, foi uma escola de pensamento que se originou na Grécia antiga, mas que ainda nos dias de hoje, oferece informações valiosas sobre como podemos cultivar a resiliência e encontrar significado na adversidade. Simultaneamente, a psicologia, fornece técnicas baseadas em evidências para promover o bem-estar e o crescimento pessoal. Ao combinar a sabedoria do estoicismo com as estratégias de varias abordagens da psicologia apoiadas pela ciência, podemos desenvolver uma abordagem holística para enfrentar as provações da vida. 

De acordo com a filosofia estoica, defendida por figuras como Epicteto e Marco Aurélio, o sofrimento surge das nossas tentativas de controlar acontecimentos externos que estão fora do nosso alcance. Cultivando a aceitação do que está fora do nosso controlo e concentrando-nos no que podemos influenciar – nomeadamente os nossos pensamentos e ações – podemos transcender o próprio sofrimento.

Marco Aurélio referia que o que nos acontece na vida não é nem bom nem mau, antes, isento. O significado do que nos acontece é dado por cada um e de acordo com a pessoa que é, as suas crenças e valores pessoais.

Adotar uma mentalidade estoica envolve reconhecer a natureza transitória do prazer e da dor, ao mesmo tempo em que se concentra no que está, realmente, sob seu controle – seus pensamentos, crenças, atitudes e ações.

Uma imagem que ilustre o seguinte: o que nos acontece na vida não é nem bom nem mau, antes, isento. O significado do que nos acontece é dado por cada um e de acordo com a pessoa que é, as suas crenças e valores pessoais.

A dicotomia do controle

No cerne do estoicismo está o conceito conhecido como “a dicotomia do controle”. De acordo com este princípio, os indivíduos só devem preocupar-se com aquilo sobre o qual têm controlo direto – os seus pensamentos, intenções, ações – ao mesmo tempo que aceitam eventos externos para além da sua influência.

Esta perspetiva ensina-nos uma lição importante: em vez de desperdiçar energia preocupando-nos com circunstâncias fora do nosso controlo (como as opiniões de outras pessoas ou acontecimentos inesperados), devemos redirecionar a nossa atenção para o que realmente importa – o nosso próprio desenvolvimento de carácter e escolhas éticas.

Tenho por costume, perguntar a alguns clientes qual a diferença entre controlar e estar em controlo, pergunta que obriga a um pouco de reflexão, e enquadramento na sua própria experiência. A resposta, apesar de poder ser estranha para alguns, é de que controlar, é apenas uma ilusão. Não existe nada para alem daquilo em que nos focamos e aquilo de fazemos de forma consciente, que possamos realmente controlar (e mesmos as exceções apontadas, nem sempre a nossa biologia, fisiologia, disponibilidade mental ou física nos permite controlar).

Estar em Controlo, é uma ação consciente, é o ato de estar no atento, e saber reagir ao que acontece, saber aceitar que apenas podemos escolher como agir perante o que a realidade nos oferece.

 

Adotar uma atitude de aceitação

Outro princípio fundamental da filosofia estoica é a prática da aceitação. Os estoicos acreditam que, ao abraçar a realidade das nossas circunstâncias, podemos encontrar paz interior e resiliência. Isto não significa resignação passiva ou indiferença; em vez disso, envolve reconhecer nossas emoções e circunstâncias enquanto escolhemos responder com sabedoria e virtude.

 

Ao cultivar uma atitude de aceitação em relação aos acontecimentos positivos e negativos da vida, podemos libertar-nos do sofrimento desnecessário e concentrar-nos no que podemos fazer para enfrentar os desafios de forma eficaz.

Muitas vezes tenho encontrado pessoas, para quem esta teoria filosófica, parece estranha, como se aceitar fosse algo de impossível. E que sendo possível, transforma as pessoas em seres passivos que tudo aceitam sem reagir.

A realidade é que aceitar algo, é o verbo que encerra um processo complexo, que se inicia por querer perceber, implica esforço para sair do desconforto da dor em si, e perceber a complexidade do que se passa. A complexidade dos outros, dos contextos. Só querendo realmente compreender e agir nesse sentido, sem permitir que o “eu” contamine a compreensão empática do todo, é que podemos realmente analisar as coisas de forma isenta, e perceber que as emoções que sentimos, são criadas por nós em resposta aos estímulos, e não são os estímulos que nos fazem sentir o quer que seja. E se somos nós que sentimos como consequência dos nossos valores, crenças e história pessoal, então. Também podemos permitir-nos compreender que não nos cabe a nós o julgamento e a prisão que a falta de aceitação nos obriga.

Em tempos ouvir uma metáfora, de que desconheço o seu autor, que dizia que a falta de perdão é como se quiséssemos acertar no outro, com brasas incandescentes. A dor de agarrar nas brasas e atirar magoa bastante, e podemos nunca acertar no outro. Mas as marcas… essas ficam em quem não consegue aceitar e perdoar.

 

A exploração filosófica oferece-nos a oportunidade de encontrar um sentido no meio da dor e do sofrimento. Os filósofos existencialistas, como Jean-Paul Sartre, defendem que o sentido não é inerente, mas sim criado através das nossas escolhas e ações.

Ao abraçar o existencialismo, podemos enfrentar o vazio existencial deixado pela dor e pelo sofrimento, envolvendo-nos ativamente nos desafios da vida. Esta perspetiva encoraja os indivíduos a assumirem a responsabilidade pela sua própria existência, permitindo-lhes encontrar um objetivo mesmo perante a adversidade.

A psicologia e o desenvolvimento pessoal:

A psicologia fornece-nos conhecimentos valiosos sobre o funcionamento da nossa mente, dando-nos ferramentas para lidar com emoções e experiências difíceis. O desenvolvimento pessoal, por outro lado, oferece um enquadramento prático para o crescimento e o autoaperfeiçoamento.

Como é que a psicologia nos ajuda a compreender as nossas reações à dor?

As teorias psicológicas esclarecem a razão pela qual reagimos de forma diferente às experiências dolorosas. O modelo cognitivo-comportamental propõe que o que nos acontece influencia os nossos pensamentos, através da forma como percebemos o que está acontecer, por sua vez, estes pensamentos moldam as nossas emoções que afetam os nossos comportamentos. Este processo, tem tendência a passar a cíclico, quando os nossos comportamentos face ao que nos acontece, despoleta reações, que serão percebidas de acordo com o ciclo de pensamentos já iniciado, e por isso, torna-se um ciclo que só escala de intensidade, e perpetua muitas vezes, a criação de crenças erradas a respeito do valor próprio, ou da opinião do mundo a seu respeito. Ou mesmo na criação de crenças sobre a sua eficácia nas ações que empreende.

A compreensão desta dinâmica permite que os indivíduos desafiem os padrões de pensamento negativos associados à dor ou ao sofrimento. Ao reenquadrar estes pensamentos ou ao adotar estratégias de adaptação – como a atenção plena ou a reestruturação cognitiva – os indivíduos podem cultivar a resiliência face à adversidade.

 

Como é que o desenvolvimento pessoal contribui para a autodescoberta?

 

O desenvolvimento pessoal centra-se na promoção da autoconsciência, na criação de pontos fortes e no desenvolvimento de competências para melhorar o bem-estar geral. Ao obter clareza sobre os seus valores, pontos fortes, paixões e objetivos de vida através, as pessoas encontram os recursos internos necessários para enfrentar a dor e o sofrimento. Este processo permite-lhes cultivar uma compreensão mais profunda de si próprios, conduzindo ao crescimento e transformação pessoal.

 

Conclusão:

 

No processo para a autodescoberta no meio da dor e do sofrimento, a filosofia fornece-nos conhecimentos profundos sobre a natureza da existência; a psicologia equipa-nos com ferramentas para compreender as nossas reações; enquanto o desenvolvimento pessoal serve como um quadro prático para o crescimento.

Ao abraçar estas disciplinas de forma harmoniosa, podemos navegar nas profundezas das nossas experiências e encontrar significado no meio do caos. Através da introspeção, da autoconsciência e do crescimento pessoal, descobrimos que a dor e o sofrimento não precisam de nos definir, mas sim de servir de catalisadores para a transformação.

 

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